Sabias, que Camilo Castelo Branco viveu nas Taipas?

10-06-2012 21:00

     

            Durante o século XIX e até ao início da década de 70 da centúria seguinte, Caldas das Taipas foi um ativo centro termal do noroeste de Portugal. As características das suas nascentes termais, as suas ótimas condições naturais e geográficas e a sua oferta hoteleira permitiram que, ligado a uma conjuntura favorável às estâncias termais, se registasse, nesse período, uma elevada afluência de aquistas.

            Do extenso universo desses aquistas que encontravam, nas Taipas, um ambiente acolhedor e de repouso, encontravam-se dois destacados romancistas portugueses: Camilo Castelo Branco e Ferreira de Castro, que constituem duas singulares presenças na história e na memória coletiva da Vila das Taipas.

            A tradição, a história, a obra e o próprio testemunho de Camilo comprovam que este romancista permaneceu nas Caldas das Taipas por inúmeras ocasiões.

Camilo Castelo Branco invoca, nas suas “Memórias do Cárcere”, os dias em que viveu na vila de Caldas das Taipas na clandestinidade. O escritor era procurado pelos agentes judiciais pelo rapto de Ana Plácido.

            Sem grande temor dos agentes, Camilo não deixou de frequentar a boémia dos bailes e festas que animavam as noites das termas. Camilo refere igualmente nas sua "Memórias do Cárcere" que enquanto se encontrava nas Taipas, dava passeios de barco pelo rio Ave com Martins Sarmento (seu amigo que outrora lhe arranjara alojamento nesta povoação), onde apreciava as frescas carvalheiras.

            Viveu numa casa junto à Pensão Vilas sendo colocado na altura uma placa em azulejo com o seguinte “Nesta casa viveu escondido por uma questão de amor o grande romancista Camilo Castelo Branco”. Esta casa, infelizmente, não mais existe, tendo sido demolida em 1991.

            O escritor refugiou-se também no Solar da Ponte, propriedade de Francisco Martins Sarmento. Sobre essa estadia Camilo escreveu ” A meia légua das Taipas, tem Francisco Martins uma quinta, chamada Briteiros. Na casa magnífica da quinta vivia um par de conjugues decrépitos, antiquíssimos criados de pais e avós do meu amigo. A extensão das suas salas, câmaras, corredores em longitude e forma conventual, de tudo me senhoreei. Escolhi o quarto, cujas janelas faseavam com um recorte horizontal de arvoredos, e a cumeeira chã dum serro onde se divisam as relíquias da antiga povoação, que lá dizem ter sido."